A menos de duas semanas para o fim do ano, os moradores de Dias d'Ávila não sabem se terão transporte para as cidades vizinhas a partir de 1º de janeiro do ano que vem. A Univale, empresa que reúne as concessionárias que operam as linhas metropolitanas do município vai encerrar a operação das mesmas no dia 31 de dezembro.
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Segundo o gerente local da empresa mineira, que atua em vários estados brasileiros, apenas o transporte rodoviário e fretamento serão mantidos. A decisão foi comunicada em setembro à Agerba, agência estadual que regula o transporte intermunicipal, e foi motivada pelo desequilíbrio financeiro.
O executivo confirmou que 160 trabalhadores já se encontram em aviso prévio. Batista relembra que a situação vinha se agravando há anos e responsabiliza a Prefeitura pelo crescimento do transporte clandestino, os chamados ‘ligeirinhos’, principais reponsáveis pela queda no número de passageiros. “A Prefeitura não respondeu ao nosso pleito de fiscalização dos clandestinos”, diz o executivo.
Desde a pandemia, a empresa já havia suprimido as linhas que rodam para os distritos de Biribeira, Leandrinho e Nova Panema. Nesses locais, as opções disponíveis são os ligeirinhos ou transporte por aplicativo.
Ao todo, com a decisão anunciada pela empresa, 9 linhas deixarão de rodar a partir de Dias d'Ávila, incluindo Estação Águas Claras e Itapuã (Salvador), Camaçari, Mata de São João e Arembepe. Para Batista, a situação tende a piorar e a saída exige intervenção estatal. “O desafio é do poder público, se não fizer nada vai acabar de vez “, projeta.
Indefinição
Procurada pelo Grupo A TARDE, a Agerba informou que está em negociações com algumas empresas que demonstram interesse em fatiar as linhas, ao invés de assumir todo a operação metropolitana em Dias d'Ávila. A agência estadual insiste que uma mesma empresa opere todas as linhas. Ainda assim, a Agerba garante que haverá ônibus rodando em janeiro no município.
A solução deverá ser um contrato emergencial. A promotora do Ministério Público, Rita Tourinho, que há anos cobra a realização de licitação do transporte metropolitano, admite a possibilidade de uma prestação de serviço provisória, mas defende que seja estabelecido um prazo para licitar todas as linhas do transporte metropolitano.
“Transporte metropolitano não tem contrato nenhum”, indigna-se a promotora. Para ela, diante da proximidade do fim do ano, é preciso agir rápido para evitar a interrupção do serviço. “Tem que correr, não vai ficar sem transporte não”.
A Prefeitura de Dias d'Ávila, na pessoa da secretária de Administração e Transportes, Daiana Sousa dos Santos, publicou no último dia 10 um edital de licitação para as linhas urbanas e rurais do município, mas aguarda da Agerba a definição sobre o transporte para as cidades vizinhas.
Demissões
Paralelamente, o Sindicato dos rodoviários do transporte metropolitano (Sindrod), esteve na última semana no Tribunal Regional do Trabalho para tratar das rescisões dos trabalhadores. Ficou acordado o pagamento integral, sem parcelamento, além da concessão de um bônus para os colaboradores de acordo com o tempo de serviço. Mário Santos, presidente do Sindrod, aguarda as negociações para tentar promover o aproveitamento dos demitidos pela nova empresa a ser definida.