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Oxe, oxe! - 02/04/2024, 18:52 - Matheus Calmon / Portal A Tarde

Cultura em cidade baiana que chicoteia pessoas divide opiniões; veja

Morador explica que apenas quem se atreve a mexer com as caretas ou suas mulheres são punidos

Tradição acontece há cerca de 100 anos na cidade do oeste baiano
Tradição acontece há cerca de 100 anos na cidade do oeste baiano |  Foto: Reprodução/Redes Sociais

Vídeos de uma manifestação cultural em uma cidade no oeste da Bahia tem chamado a atenção de internautas, nos últimos dias. Nas imagens, o público segue pelas ruas em um cortejo e, enquanto isso, personagens disfarçados com máscaras aparecem chicoteando algumas pessoas.

A "brincadeira", trata-se da 'caretagem', que acontece no município de Canápolis, e é uma tradição que acontece há cerca de 100 anos na cidade. Nas redes sociais, internautas criticaram a cultura e consideraram como agressão.

"Isso não é cultura, é agressão", disse um homem. "Me desculpem meus conterrâneos, mas não consigo ver isso como uma cultura ou representação da semana santa. Acho uma ignorância com falta de respeito", comentou outro.

Segundo a prefeitura de Canápolis, a tradição é "amada por todos". As chicotadas não são dadas em qualquer um: é preciso mexer com os 'caretas' ou com suas mulheres.

Nascido e crescido na cidade, Marcos Assunção, de 30 anos, disse que a caretagem começou quando pessoas começaram a acompanhar os desfiles dos caretas para penduração do judas. Ao longo do percurso, quem se atreve a mexer com os caretas ou as mulheres deles, são chicoteados.

O movimento, que acontece todo ano, no Sábado de Aleluia da semana santa, representa também a dor sofrida por Jesus Cristo até a crucificação. "São dois desfiles, um às 4h da manhã e outro às 16h. No primeiro é realizado a penduração do Judas e as 10 da manhã é a sua derrubada. Assim que é derrubado, é arrastado pelas ruas por pessoas e essa pessoas estão sujeitas a levarem ovada como forma de protesto por tocarem no Judas", destaca Marcos.

Assim como nas redes sociais, visitantes da cidade também se assustam quando se deparam com o movimento, antes de conhecê-lo. "Tenho amigos que já levei para lá e, desde então, vão todo ano e nunca levaram nenhuma chicotada, porque vão apenas acompanhar e não querem participar", conta Marcos, que frisa que, quem conhece a cidade, a ama.

"A população de Canápolis é muito acolhedora. Lá você chega e basta conhecer apenas um morador, pronto, o povo te abraça de uma maneira tão gostosa e receptiva que o seu retorno lá não depende mais daquele seu amigo que te levou. Teve anos de, por motivos maiores, eu não poder ir, mas meus amigos foram sem mim".

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