Moda, arte, beleza e ancestralidade marcaram o primeiro dia do Encontro Estudantil da Rede Estadual de Educação, realizado nesta terça-feira (17), na Arena Fonte Nova, em Salvador.
Na passarela, estudantes do Colégio Estadual Clarice Santiago dos Santos, localizado no bairro do Arenoso, apresentaram produções autorais que exaltam a arte e a cultura negra por meio do projeto Afrofashionhair. A iniciativa combina criatividade e ancestralidade ao criar esculturas capilares e roupas africanas.
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Para Beatriz Miranda, estudante do colégio, o desfile foi uma oportunidade de promover a diversidade.
“O evento foi enriquecedor porque viemos de comunidades, estamos na comunidade, estudamos em comunidades. E a maioria das pessoas acha que lá não tem nada de bom. E tem potências, como a minha escola. Tudo que vocês viram hoje foi a gente que produziu. Da roupa até as peças de acessórios e a organização do evento em si. Então é muito enriquecedor pra cada um ver seu talento”, destacou.
A colega de Beatriz, Mariana Teixeira, participou de todo o processo de criação dos penteados e contou que a equipe se inspirou nas Deusas do Ébano.
"Foi muito legal. Eu entrei do nada com as meninas. Várias outras trancistas estão envolvidas nesse projeto. A gente começou com as tiaras. A maioria dos cabelos são montados na tiara e colados, pois assim a gente tem como tirar e colocar em outros modelos e pode ser reutilizável. A gente trançava, colava nas tiaras e começava a montar", diz.
O estilista de moda e sustentabilidade, Rey Vilas Boas, revelou que sempre sonhou em levar a moda para o ambiente escolar.
"Comecei com as oficinas com eles [estudantes] e vendo o desenvolvimento deles e o potencial de cada um, eles começaram a produzir. Primeiro foi um trabalho de moda e sustentabilidade, trabalhamos com resíduos, eu passei para eles sobre o que era a sustentabilidade na moda, e eles foram se empolgando, daí começa o segundo projeto com a professora Ingrid, trazendo os cabelos, e surgiu o Afrofashionhair", pontua.
A professora de artes, Ingrid Lago, destacou como o Encontro Estudantil permite a integração de múltiplas linguagens e disciplinas, promovendo a expressão cultural e artística dos estudantes.
"Nossos modelos têm os mais variados corpos, as mais variadas personalidades, e é isso que a gente busca englobar dentro do nosso projeto. Então, um encontro como esse é um lugar deles se potencializar como pessoas, principalmente, é um lugar deles entenderem de cultura e de raça, de outra forma, que eu acho que tudo isso perpassa o lugar racial, a gente entender que nós, como pessoas negras, periféricas, temos a potência de ocupar espaços como esse, tem alunos que nunca entraram nesse lugar, nunca acessaram isso aqui. Que nunca subiram essas escadas e puderam acessar esse lugar pela primeira vez hoje. E pra muitos é um sonho. Então, a gente entender que é a gentilidade com o sonho desses meninos, de várias formas diferentes", finalizou.