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Tá Focado! - 06/11/2025, 20:12 - Bianca Carneiro, Isabela Cardoso e Da Redação

Cria de quilombo inspira jovens em aulão na Arena A TARDE

Com perseverança, o quilombola se tornou estudante de medicina

Matheus participou de 8 edições do Enem até conseguir a vaga desejada
Matheus participou de 8 edições do Enem até conseguir a vaga desejada |  Foto: Isabela Cardoso | Ag. A TARDE

Os estudantes que tiveram presentes no Aulão Prepara Enem, realizado nesta quinta-feira (6) na Arena A TARDE e promovido pelo Governo da Bahia, tiveram acesso ao relato do estudante de medicina Matheus Moreira, da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). O quilombola tem uma trajetória marcada por persistência e superação.

Natural do Quilombo do Salgado, comunidade próxima a Antônio Cardoso, ele enfrentou uma longa jornada até conquistar a tão sonhada vaga no ensino superior.

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“Foram oito Enems até eu conseguir a aprovação”, contou. “Meu pai é pedreiro, minha mãe é dona de casa, somos seis meninos lá em casa. Escolhi Medicina porque um dos meus irmãos, que nasceu normal, teve meningite, e isso me motivou a seguir essa área", descreveu.

Durante boa parte desse percurso, Matheus conciliou trabalho e estudos, o que tornou a rotina ainda mais desafiadora. “Eu sempre trabalhei, então se tornou um pouco mais complexo, porque não pude estudar diretamente para o Enem. Durou um pouco mais devido a esses percalços”, relembrou.

A aprovação veio em 2021, após anos de dedicação e uma estratégia bem definida. “Fiz todas as provas anteriores desde 2010. Estudava todos os dias de 5 a 6 horas, alternando entre uma disciplina de humanas e outra de exatas. O Enem não quer aquele aluno que sabe tudo decorado, ele quer quem consegue fazer muitas questões em um determinado tempo”, explicou.

No exame, Matheus conquistou uma nota expressiva na redação: 980 pontos. “Um corretor me deu 960, outro 1000. O tema era Estigmas associados a transtornos mentais, e como tenho uma irmã especial, consegui desenvolver bem o assunto".

A conquista veio após um período difícil, marcado pela pandemia e por limitações financeiras. “No último ano de preparo, eu morava em uma casa sem energia e muito quente. Estudava na biblioteca municipal, mas ela fechou na pandemia. Fiquei sem renda, porque dava reforço escolar, e sem lugar para estudar. Uma amiga me emprestou uma casa e foi lá que estudei durante oito meses, de máscara, no calor, até o Enem".

Serviço para a comunidade

Aprovado na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Mateus depois se transferiu para a UEFS para ficar mais próximo da família. “Feira de Santana fica perto de Antônio Cardoso, onde fica a comunidade quilombola do Salgado. Então foi melhor por estar próximo dos meus familiares. Pretendo, quando me formar, voltar para lá e atuar como médico na comunidade".

Com a experiência de quem enfrentou uma maratona de provas e obstáculos, ele deixa um conselho aos estudantes que farão o Enem. “Se você estudou durante todo o ano, vai fazer uma boa prova. Se não, vai ser mais difícil. O importante é ter calma e atenção. A prova do Enem é uma maratona: leia com cuidado, faça o tema da redação em até uma hora e meia e comece pelas matérias que você tem mais facilidade".

Hoje, Mateus também se dedica à educação e costuma incentivar jovens de sua comunidade a acreditarem nos próprios sonhos. “Eu sempre digo: sonhe grande, mesmo que pareça pequeno. Se a gente olhar só para as limitações, não chega a lugar nenhum. Vindo de escola pública, eu aprendi que o foco e o trabalho fazem a diferença. A hora chega", concluiu.

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