A professora Bárbara Carine viralizou nas redes sociais após apontar um suposto caso de racismo do Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb) em uma peça publicitária. Segundo Carine, o órgão associou uma mulher negra à figura de uma médica falsa.
A publicidade, que está em outdoors na Avenida Centenário e em uma estação de metrô de Salvador, traz a mensagem: “Uma delas é falsa. Na dúvida, consulte o Cremeb”. O problema é que, na imagem, aparece uma mulher negra ao lado de outra vestida de médica. Para a professora, essa publicidade reforça o racismo na sociedade, sendo que, segundo ela, a prática ilegal da medicina é mais comumente vista por pessoas brancas.
Leia mais:
BR-324: acidente com caminhão cheio de combustível provoca engarrafamento de 2km
Renda extra? Brasileiros têm até esta quarta para resgatar grana 'esquecida'
O fato é que o vídeo de Bárbara viralizou, atingindo mais de 790 mil visualizações e milhares de curtidas, além de gerar apoio nos comentários, que também criticaram a propaganda do Cremeb. A repercussão foi tão grande que o caso chegou à Câmara Municipal de Salvador (CMS), onde o vereador Silvio Humberto (PSB) pediu uma moção de repúdio contra a propaganda do órgão.
Em entrevista ao Portal Massa!, o edil argumentou que, apesar de existirem outras peças publicitárias sem pessoas negras, a atitude do Cremeb reforça a ideia de racismo no imaginário popular.
”Ainda que tenha havido a estratégia de incluir a diversidade de pessoas em cada peça de outdoor, o fato de uma única placa conter a imagem de uma pessoa negra, no caso uma médica, com uma frase apontando que a essa mesma imagem pode ser falsa, acaba por reforçar no imaginário coletivo, ainda que inconscientemente, a ideia de que apenas pessoas brancas podem ser médicas”, iniciou o Silvio.
“O racismo estrutural está tão incutido na sociedade que há quem diga, inclusive pessoas negras, que não se trata de uma campanha de cunho duvidoso. Tem gente dizendo que é questão de interpretação, que a campanha também veicula pessoas brancas. Mas não é sobre isso. Dificilmente uma pessoa branca de jaleco passará pela dúvida do paciente se é médico ou não. Já uma pessoa negra de jaleco tem chances de ser confundida com uma técnica de enfermagem ou até mesmo ter sua credibilidade profissional colocada em xeque. Nós estamos lidando com um fenômeno que está presente nas nossas ações mesmo quando não temos intenção de reproduzi-lo”, concluiu.
Procurado pelo Portal Massa!, o Cremeb respondeu que há outras três peças publicitárias, nas quais aparecem pessoas brancas. Segundo o órgão, a campanha visa combater o exercício ilegal da medicina, prática que envolve representantes de todas as etnias, cores e gêneros.
Confira nota na íntegra:
O Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb) esclarece que o outdoor citado é apenas um dos três modelos utilizados nesta campanha publicitária, que visa combater o exercício ilegal da medicina.
A autarquia federal tem como objetivo refletir a pluralidade da sociedade em todas as suas iniciativas, assegurando que diferentes grupos sejam igualmente representados e respeitados.
Enfatizamos que os que praticam o exercício ilegal da medicina têm representantes em todas as etnias, cores, gêneros e faixa etária. A campanha traz a diversidade da nossa sociedade e o seu objetivo é despertar em todos o cuidado com quem trata a sua saúde.