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Importante! - 24/01/2025, 07:00 - Yan Inácio - Atualizado em 24/01/2025, 07:26

Cooperativa de reciclagem projeta 'corre' de abraço coletivo para catadores

Cooperativa Bariri gera renda para famílias e contribui para a preservação ambiental

Na Cooperativa Bariri, resíduos que iriam para o lixo são separados, reciclados e vendidos
Na Cooperativa Bariri, resíduos que iriam para o lixo são separados, reciclados e vendidos |  Foto: Denisse Salazar/Ag. A TARDE

De acordo com a Limpurb, apenas 2% dos resíduos descartados e passíveis de reutilização são reciclados em Salvador. Sem um serviço próprio da Prefeitura, as cooperativas desempenham um papel essencial na reciclagem na cidade, recebendo materiais como garrafas pet, latinhas e vidro. Além de gerar renda para os trabalhadores cooperativados, essa atividade contribui para a preservação ambiental.

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Para jogar luz sobre este trabalho tão essencial para a capital baiana, o Portal MASSA! foi até a Cooperativa Bariri, no Engenho Velho de Brotas, visando entender como funciona o processo de reciclagem, no lugar onde acontece.

A importância da logística

Fundada em 2004, a Bariri, assim como a maioria das cooperativas de reciclagem em Salvador, trabalha predominantemente com doações. Supermercados, condomínios e pessoas interessadas costumam oferecer os resíduos separados após a coleta seletiva.

Elias Júnior, presidente da Cooperativa Bariri
Elias Júnior, presidente da Cooperativa Bariri | Foto: Denisse Salazar/Ag. A TARDE

Essas empresas também colaboram com a logística dos produtos recicláveis com o pagamento de taxas usadas para a compra de combustível. No caso dos condomínios, os valores geralmente são inseridos na mensalidade. A coleta dos materiais é um dos pontos cruciais do trabalho na cooperativa.

"Hoje, a Bariri tem 17 cooperativados. Temos um caminhão próprio da empresa que sai todo dia fazendo coletas. E a gente tem um caminhão que a Prefeitura dá uma vez na semana para a gente fazer essas coletas", explica Elias Júnior, presidente da cooperativa.

Gentil Alves, motorista, dentro do caminhão da cooperativa
Gentil Alves, motorista, dentro do caminhão da cooperativa | Foto: Yan Inácio/Ag. A Tarde

Elias ressalta que essa realidade não atinge as 14 cooperativas de reciclagem cadastradas na Limpurb atualmente em Salvador. "Tem cooperativa que só tem esse caminhão que a Prefeitura dá. A Bariri já tem o caminhão dela, já consegue dar um suporte maior", relata.

O trabalho dos cooperativados

Depois que os resíduos chegam à cooperativa, começa o trabalho de separação. Latinhas de alumínio, papelão, garrafas pet e de vidro reciclados ganham maior valor quando são devidamente separadas. "Cada vez que a gente separa novamente o material, mais se agrega valor", acrescenta Elias.

Maria de Fátima Pereira, 59 anos, é uma das trabalhadoras mais antigas da Bariri. Ela atua na empresa há quase 20 anos e se orgulha do trabalho de triagem dos materiais.

Maria Fátima Pereira, uma das cooperadas
Maria Fátima Pereira, uma das cooperadas | Foto: Denisse Salazar/Ag. A TARDE

Ainda que os resíduos sejam previamente separados pelas pessoas em suas casas, muitos dejetos inutilizáveis são encontrados pelos cooperados que trabalham com a separação. É por este motivo que o trabalho de pessoas como Maria tem tanta importância.

Ela também reforça a importância do descarte adequado no bolso de quem faz esse serviço. "Vale, vale dinheiro. E se jogar fora, o outro reciclador vai reciclar e separar tudo direitinho. Depois diz que acharam que era lixo e jogaram fora", afirma.

Garrafas de plástico prensadas e prontas para a venda
Garrafas de plástico prensadas e prontas para a venda | Foto: Denisse Salazar/Ag. A TARDE

Depois que os reaproveitáveis são separados em sacolas, outros cooperados realizam o trabalho de prensagem com ajuda de uma máquina. Os materiais são, então, apreçados e vendidos para as empresas interessadas.

"Geralmente a gente vende para dentro do Estado mesmo. Tem empresa do papel, do vidro, da garrafa pet. Cada uma vem pegar seus materiais. Já se agrega o valor e vende", explica Elias.

Acolhimento de catadores

Estimativas indicam que os catadores de recicláveis, aqueles que são vistos diariamente nas ruas da cidade, são responsáveis por 90% da reciclagem no Brasil. Apesar do número expressivo, esses trabalhadores, geralmente autônomos, não trabalham diretamente com as cooperativas de Salvador.

Os recicláveis coletados por eles geralmente são vendidos a ferros-velhos, por valores nem sempre bem definidos. Além disso, esses estabelecimentos não costumam dar o tratamento devido aos recicláveis. Elias explica que a Bariri já cooperou com catadores autônomos, mas hoje em dia, não consegue oferecer o suporte adequado a eles por conta dos "atravessadores", como chama os donos de ferro-velho.

Resíduos de plástico antes da separação
Resíduos de plástico antes da separação | Foto: Denisse Salazar/Ag. A TARDE

Com intuito de oferecer mais lucros e melhores condições de trabalho, a cooperativa planeja, em 2025, um projeto para acolher os catadores e tratá-los como trabalhadores cooperativados. A ideia é pagar mais pelo que coletam e distribuir EPIs para uso nas ruas.

"Realmente dar atenção aos catadores de rua, para que a gente possa comprar esses materiais na mão deles, com preço bom, oferecer equipamentos e reconhecer eles como cooperados autônomos", comenta.

A iniciativa, porém, esbarra na dificuldade de manter as finanças da empresa. "A gente costuma dizer que a conta não fecha. O lucro do material em si, não suporta esse aporte. Não dá para manter a empresa com os impostos em dia", finaliza.

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