
É um senso comum de que todo baiano gosta de uma boa resenha. A Bahia é berço de fortes nomes da comédia, como João Pimenta, Jhordam Matheus e Tiago Banha. Uma das recentes revelações do stand-up baiano é o humorista Victor Fadigas. Após iniciar sua carreira no período da pandemia de covid-19, Victor vem participando ativamente na cena baiana de humor. Um dos projetos em que ele participa é a Quinta do Riso, que estreia nesta quinta-feira (27), às 20h, no Teatro de Bolso Villas Boulevard, em Vilas do Atlântico.
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Apesar de ser fã de comédia desde a infância, Fadigas é formado em Direito. A decisão de mudar de área aconteceu quando o Boca de Brasa, iniciativa responsável pelo fomento à cultura em Salvador, organizou um campeonato de stand-up. “Eu acho que todo mundo ao meu redor já sabia que era para eu estar fazendo comédia, menos eu. Minha família me apoiou desde o início, principalmente os meus pais”, contou Victor em entrevista ao MASSA!.
Ele explica que a trajetória no stand-up pode ser dividida em duas fases. “Você começa como open, que é como se fosse um estagiário da comédia, você está ali para experimentar, conhecer não tem obrigação de ser bom ainda. A partir do momento que você vira comediante, se cria uma responsabilidade muito maior no desenvolvimento dos eventos, na entrega de um material legal, na postura”, explicou. O diferencial de sua carreira é que, mesmo quando ainda era um “estagiário”, seu compromisso com o humor sempre foi de um profissional.

Uma das iniciativas organizadas pelo baiano é A Pior Noite do Mundo, que serve como uma porta de entrada para comediantes novatos. Por ser o único humorista experiente na Pior Noite, Fadigas fica responsável por dar auxílio a aqueles que estão dando seus primeiros passos. “Quando eu comecei a fazer comédia, era muito difícil alguém que estava começando ter um evento fixo para participar. A Pior Noite é a possibilidade que eu tenho de garantir que todos tenham o direito de estar no palco”, completou.
Victor também é um dos membros fundadores do Armengue, um grupo de humor que surgiu com o objetivo de movimentar a cena da comédia na cidade. Apesar de ser uma equipe, cada comediante tem seu próprio estilo de humor. “Eu acho que é muito mais difícil a gente fazer algo na comédia estando sozinho, em grupo juntamos as expertises dos comediantes, as habilidades que temos no palco. Temos um produto muito mais complexo para entregar”, afirmou.
Mesmo tendo começado há pouco tempo, Fadigas rapidamente conquistou seu espaço no cenário de Salvador. A palavra que define seu sentimento com tudo isso é gratidão. “Eu investi muito tempo, dinheiro e tudo que eu posso na minha carreira. Eu sou muito grato pelas oportunidades de palco que me deram e pelas portas fechadas, que me deram um gás maior para continuar”, pontuou.
A comédia na Bahia
Começar na comédia não é fácil, mas o resultado do esforço é recompensador. Victor admite que a sensação de subir nos palcos pela primeira vez foi algo especial. “A partir do momento que eu subi no palco, contei uma piada e a galera riu, a sensação foi como a de uma criança que coloca um brigadeiro na boca pela primeira vez”, relembrou.
Apesar da Bahia ser palco para grandes humoristas, esses artistas muitas vezes não são reconhecidos. Fadigas argumenta que esses comediantes muitas vezes só são reconhecidos pelos baianos quando começam a fazer fama fora do próprio estado. “Eu sinto que a gente vem numa crescente bastante interessante. A gente tem grandes nomes fazendo sucesso, mas a Bahia como um todo não entende que aqui é um polo de comediantes”, defendeu.

Essa crescente do cenário da comédia também se deve a popularização da internet. Com o crescimento das redes sociais, todo mundo tem a oportunidade de fazer as pessoas rirem. Com isso, os obstáculos para quem quer seguir nessa carreira aumentaram. “Exige mais da gente como comediante em não cair no lugar comum. A gente precisa estar sempre se renovando, buscando temas da atualidade, sabendo se comunicar com o público”, acrescentou.
Stand-up para iniciantes
Pode não parecer, mas fazer comédia é uma ciência que requer estudo. Por trás de cada piada, existe uma técnica que é aprimorada pelos comediantes com o passar dos anos. “A gente aprende o básico da comédia quando está se preparando, que é a estrutura, o setup, a punch, as regrinhas para fazer rir, jogo de três, distorção cômica. São regras técnicas que a gente aprende e o escopo básico para fazer um texto de comédia”, explicou Victor.
Para aqueles que querem seguir a carreira no humor, é essencial dominar essas regras. A forma mais básica de se construir uma piada é por meio da estrutura setup e punchline. “O setup é o que você quer contar, é a contextualização, a apresentação da história para o público. O punch é a distorção cômica, nele a gente pode usar diversas técnicas, têm a quebra de expectativa, eu posso preparar três situações diferentes e a última é diferente”, contou.

Segundo Victor, qualquer tema pode dar origem a uma boa piada. Dessa forma, a possibilidade de temáticas se torna quase ilimitada para aqueles que estão começando. “Eu tenho a premissa que tudo pode ser falado em comédia. Eu acho que a gente pode falar de qualquer tema, dos mais simples aos mais sensíveis, contanto que se saiba escrever em formato de comédia”, continuou.
Depois que sua piada é produzida, o próximo passo é saber se ele realmente está engraçado. Para isso, existem noites de teste pensadas especialmente para os comediantes que querem testar seu próprio texto. Para Victor, uma das coisas essenciais na comédia é produzir algo com que as pessoas se identifiquem. “Para mim, o grande mote do stand-up é a identificação. Nem todo mundo vai rir do meu texto, mas quem se identificar com o que eu estou falando vai dar uma risada em relação a isso”, pontuou.
Serviço
O que: Quinta do Riso, com Victor Fadigas, Ruan Passos e Lanni;
Quando: Quinta-feira, 27 de março, às 20h;
Onde: Teatro de Bolso Villas Boulevard (Avenida Praia de Itapuã, 1137 Vilas do Atlântico);
Ingressos: R$ 15 (meia para todos);
Onde comprar: Ingressos disponíveis no site www.sympla.com.br.