
Um casarão que antes estava abandonado, agora se torna um lar repleto de música e cultura. Na noite desta segunda (13), houve a inauguração da sede do projeto Casa da Ponte, no Largo do Pelourinho. A instituição tem como objetivo o ensino da música e divulgação da cultura afro-baiana.
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Criada em 2018, a instituição tem como principal projeto a escola Núcleo Moderno de Música, da qual se originou a Orquestra Afrosinfônica. O diferencial da orquestra é sua identidade, que bebe da cultura afro-baiana e afro-brasileira.
“São pouquíssimas orquestras brasileiras que realmente representam um lugar. Eu posso dizer que somos singulares, porque o que a gente faz é um trabalho autoral com identidade. O que as outras orquestras fazem é repetir coisas desse mundo eurocêntrico, que já é repetido há muito tempo”, disse Ubiratan Marques, maestro da Orquestra Afrosinfônica, em entrevista ao MASSA!
A Casa da Ponte faz um trabalho coordenado com alguns blocos afro da capital baiana. Por meio de blocos como o Cortejo Afro, Malê Debalê, Ilê Aiyê, Olodum e Filhos de Gandhy, a organização consegue ensinar música em diversas comunidades de Salvador. “A gente vai lá, leva alguns instrumentos que os blocos não tem, enquanto eles trazem sua identidade. Cada projeto que a gente faz tem a identidade de cada bloco, não mudamos nada”, acrescentou o maestro.

Músico desde 1980, Ubiratan é um representante da ideia de que um instrumento musical pode mudar a vida de alguém. Por meio da Casa da Ponte, o artista leva essa transformação de forma gratuita para a vida dos baianos. “O que a gente faz aqui é fazer com que essas pessoas acessem outras coisas, outras possibilidades. É uma troca, uma convivência, isso aqui é um laboratório gigantesco de música brasileira”, pontuou.
Mas não é apenas a vida de quem estuda que é impactada. Para os professores que ensinam na Casa da Ponte, a iniciativa também carrega um simbolismo especial. “É onde eu me realizo como professora de música, isso é muito significativo para mim. Também foi meu retorno para uma orquestra, que é um lugar que eu sinto que a cada passo que eu dou, eu cresço cada vez mais”, afirmou Rosa Denise, professora de música da Casa da Ponte.
Antes de se tornar professora, Rosa participava da organização como estudante. Para ela, esse processo de se tornar professora do lugar onde estudou é algo muito significativo. “É uma sensação enorme de pertencimento, porque a gente está um dia como aluna e no outro dia já está multiplicando aqui nos projetos da Casa da Ponte. É muito significativo para mim”, acrescentou.

O lançamento da nova sede da Casa da Ponte marca um novo passo do projeto. Algo que antes era apenas uma sala com alguns instrumentos, hoje em dia se tornou um casarão com uma vista privilegiada do Pelourinho. “Quando eu comecei a estudar aqui, a escola não era essa, não tinha essa cara, não tinha essa reforma, então esse aqui é o início de um novo olhar para a gente”, completou Rosa.
A noite foi repleta de convidados especiais que celebraram o nascimento da nova casa do projeto. Uma das pessoas que marcaram presença na festa foi a deputada estadual Olívia Santana, que destacou a importância da nova sede. “É um avanço enorme para a cultura baiana, porque a Casa da Ponte é uma instituição que faz pontes com outras instituições, no sentido de fortalecer a cultura afro-baiana e afro-brasileira”, pontuou.

Se autodeclarando uma fã da instituição, a deputada ressaltou a resiliência da organização. Para ela, os projetos da Casa da Ponte são um exemplo de singularidade. “É uma experiência sólida, não chegou e sucumbiu, ela se desenvolveu, cresceu e vem conseguindo atrair apoiadores. Cada vez que a Orquestra Afrosinfônica se apresenta é emocionante, ela é uma singularidade baiana”, defendeu.