Durante as ondas de calor, o cuidado com a saúde dos seres humanos é olhada minuciosamente ao longo dos dias. No entanto, muitas das vezes, as cautelas necessárias com os pets durante o período com altas temperaturas são negligenciadas pelos tutores, o que pode dar ‘ruim’ fazendo com que os animais de estimação sofram riscos e consequências.
O cuidado especial na hora da caminhada com o pet, a hidratação apropriada e os banhos necessários são pontos importantes para uma melhor qualidade de vida para os bichinhos de estimação nos dias em que o termômetro está lá nas alturas.
Diante da situação, o Portal Massa! conversou com exclusividade com a médica veterinária, Ascídia Dória, para saber como redobrar os cuidados com cães e gatos durante os dias quentes.
Hidratação e momento de lazer
Como todo cuidado nunca é demais, é importante realizar a hidratação dos pets com água tratada para evitar uma enfermidade por verme. “É necessário mantê-los sempre hidratados, com água limpa, fresca e disponível, importante também ser uma água tratada [...] optar por água tratada para evitar uma enfermidade por verme”, iniciou Ascídia.
De acordo com a veterinária, é importante estar atento aos horários dos passeios, escolhendo o local e horário adequado. “Os horários de passeios é ideal fazê-los preferencialmente no início da manhã ou final da tarde, dando preferência a locais que possuam sempre muitos arbustos, grama, que não esquentam tão rapidamente quanto o asfalto, evitando que haja uma queimadura nas patinhas”, observou ela.
Nesse ponto também entra o olhar crítico de entender o suporte necessário com os animais e se eles vão precisar de água e alimentação.
Para os gatos, a profissional deu ‘macetes’ para ajudar os bichanos a ingerirem água da melhor forma. “Os gatos, por exemplo, não têm tanto o hábito de ingerir água e o enriquecimento ambiental pode estimular uma ingestão hídrica espontânea pelos felinos. Os tutores podem fornecer sachês e até mesmo congelar esses sachês em cubo de gelo, por exemplo, há também fontes de água divertidas, que podem entretê-los, ajudando-os a brincar e a ingerir água de forma espontânea, o mesmo para os cães”.
Ainda sobre o momento de lazer ao lado dos animais, Ascídia destacou a importância de não submeter certas raças de cachorros a exercícios intensos. “Os cães e gatos braquicefálicos (ou seja, que possuem uma anatomia cranial de focinhos mais achatados), sofrem com dificuldade respiratória, o que significa que exercícios intensos não são uma opção para eles, sendo eles bulldog, pug, Shih tzu, chowchow, gato persa”, analisou a profissional em entrevista ao Massa!
Cuidados com filhotes
Os cães e gatos filhotes podem estar expostos a complicações por causa da onda de calor, principalmente os pets com até dois meses de idade. Segundo a médica veterinária, isso ocorre devido à termorregulação em desenvolvimento e o sistema imunológico sensível.
“Filhotes recém-nascidos ou com até dois meses de idade ainda não têm o mecanismo de termorregulação completamente desenvolvido; além disso, possuem pouco tecido adiposo (reserva de gordura) e sistema imunológico sensível. É tudo mais intenso, assim como quando tratamos de algumas raças específicas, que são os famosos braquicefálicos”, relatou a profissional.
Alerta em dobro
Com o calor outra preocupação toma conta: a chegada dos parasitas. Como o crescimento deles é mais rápido durante o período de maiores temperaturas, o risco dos pets adquirirem enfermidades é maior.
“Na elevação da temperatura, há também a multiplicação de pulgas e carrapatos [...] no calor, em curto período de tempo, há maior crescimento desses parasitas, consequentemente, aumentando a possibilidade de infestação. Por este motivo é essencial a prevenção a fim de evitar que os pets adoeçam. É sempre muito importante fazer exames anuais nos animais”, afirmou Ascídia.
A transpiração dos animais não é através da pele, como a dos humanos, através do suor, o que torna o banho uma opção para refrescar. Já sobre a tosa, a veterinária pediu cautela no momento de submeter os animais e gatos à situação. “Os pelos estão ali para proteger a derme, então uma tosa muito baixa, pode acabar submetendo os animais a uma queimadura solar, pela exposição que a pele terá”, esclareceu ela durante entrevista.
Sobre as complicações que os pets podem ter devido ao calorão, Ascídia deu ênfase para gatos persas e cães que já possuem uma anomalia congênita no sistema respiratório. “Os sinais que as raças braquicefálicas apresentam quando estão incomodadas com o calor são iguais aos de outras raças, mas a intensidade é ainda maior. Respiração mais ofegante que o normal, língua para fora, inquietação, letargia”, evidenciou a profissional.
Exposição ao sol e câncer de pele
Com a exposição solar ao longo prazo dando abertura a predisposição de câncer de pele nos animais de estimação, a veterinária alertou para o uso de protetor solar nos animais. “É importante que os pets se mantenham sempre muito bem protegidos contra os raios UV, com devido protetor solar, específico para eles. Apesar de não ser frequentemente abordado, há protetores solar no mercado pet, que são específicos e que há eficiência contra raios solares”, pontuou Ascídia.
O combo entre protetor solar e hidratação com enriquecimento ambiental pode ser considerado perfeito para os animais passarem pelos dias de calor com conforto.
Calor intenso, cansaço e desconforto podem incomodar os pets em níveis alarmantes, por isso é importante não negligenciar a saúde dos animais de estimação e não esquecer dos cuidados necessários para que os bichinhos possam passar pelos dias de calorzão sem incômodo .