Em setembro de 2020, o prédio onde funcionava o restaurante Colon há mais de cem anos foi evacuado por falta de manutenção e o responsável pelo estabelecimento foi notificado para suspender as atividades. Depois de dois anos e meio, o imóvel no bairro do Comércio continua fechado e houve um desprendimento lateral de reboco que caiu sobre o passeio na semana passada. O estado atual da estrutura assusta comerciantes e trabalhadores da região, além dos transeuntes.
O prédio chama a atenção de quem passa pela Praça Conde dos Arcos por causa das rachaduras e pedaços da estrutura que caem no chão. “Aquela faixa ali beirando o prédio não protege nada. Clientes e moradores do prédio ao lado não querem passar pela via para vir para o nosso estabelecimento ou para outros lugares. Nossos entregadores também não passam por ali. É perigoso, pode atingir uma pessoa”, afirma a filha do dono do restaurante Cid’s, Aline Santos.
Outros imóveis no Comércio estão nessa situação, conta Aline, como o prédio da Junta Comercial do Estado da Bahia (Juceb). “Prédios como o da Juceb têm uma proteção maior com tapumes ao redor, inibindo que pessoas passem no local. Já aqui não foi feito o isolamento adequado”, pontua.
O contador Rafael Vasconcelos, que passa pelo local cerca de quatro vezes por dia e trabalha na região há 20 anos, diz atravessar a rua para não passar pelo passeio por receio do prédio ou algum outro pedaço cair. “Quando caíram esses pedaços, o pessoal do meu escritório começou a falar que não ia mais vir almoçar no restaurante de Aline. Mas falei que isso era errado. Acredito no trabalho da prefeitura e espero que eles venham resolver essa situação”, comenta Rafael.
Aline acrescenta que o proprietário não fez nenhuma reforma no local desde que foi notificado pela Defesa Civil de Salvador (Codesal). Em nota, o órgão informou que a área foi devidamente isolada e o prédio foi evacuado imediatamente na vistoria de 2020 até que o risco fosse sanado com a realização de serviços de recuperação e reforço estrutural das partes instáveis, principalmente nos três últimos pavimentos superiores, sob a supervisão e a emissão de um profissional habilitado junto ao Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea).
Conforme histórico no Sistema de Gestão em Defesa Civil (SGDC), em uma segunda vistoria realizada no dia 11 de outubro de 2020, eles entraram no prédio. Internamente, o casarão apresentava infiltrações generalizadas, apodrecimento de peças estruturais de madeiras dos pisos e assoalhos com risco potencial de rompimento.
Consequentemente, poderia ocorrer um colapso de toda estrutura que atingisse passeio público, sistema viário, transeuntes e edificações vizinhas. Porém, o órgão nega que existam riscos de desabamento que assustem prédios vizinhos atualmente.
A última vistoria no lugar foi no dia 21 deste mês, em que novamente o encontraram em péssimo estado de conservação, apresentando: extensas rachaduras em paredes laterais; desprendimento de elementos constituintes de paredes com áreas já desabadas e de reboco; trechos com rompimento da cimalha; e desenvolvimento de vegetação inadequada na cobertura. Ações de vandalismo para furto de material interno também foram encontradas.
Na ocasião, foi encaminhada solicitação de inspeção predial à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (Sedur), órgão responsável pelas ações fiscais pertinentes, dentre outras, interdição do restaurante e imóvel. Em resposta, a Sedur informou que enviará uma equipe de fiscalização ao local para verificar a situação e adotar as medidas necessárias.
*Sob a supervisão da editora Meire Oliveira