Jade Oliveira*
A Bienal do Livro Bahia 2022 não para. Nesta segunda (14), o evento, que teve início na última quinta-feira (10) e segue até esta terça-feira (15), no Centro de Convenções, na Boca do Rio, recebeu o público jovem numa mesa sobre literatura LGBTQIAP+, além da ilustre presença do cantor baiano Gilberto Gil.
A mesa "TikTok, Instagram e o velho papel… como a gente se lê hoje?", contou com a presença de Elayne Baeta, soteropolitana e lesbica, escritora do sucesso "O amor não é óbvio" e do Livro de poemas "Oxe, Baby". Também participaram do bate papo os autores Pedro Ruas e Clara Alves, escritores de "Enquanto eu não te encontro" e "Conectados", respectivamente.
"Elayne foi muito importante pra me mostrar que não tem nada de errado em ser uma menina que gosta de meninas. É de uma representatividade enorme", comemora Carla, 24 anos, professora de português, acompanhada pela namorada no evento. Elayne Baeta começou a escrever seus livros na plataforma Wattpad, popular por grande catálogo gratuito de fanfics e livros originais de autores iniciantes. Antes de fechar contrato com a Galera Record, a autora acumulou mais de 400 mil leituras na plataforma.
Trends, hashtags e booktokers fazem parte do vocabulário da nova geração que vive na onda da literatura na internet. Jovens estes que se tornaram responsáveis pela popularização dos autores presentes na conversa. "É incrível como hoje existe esse espaço seguro para nossos leitores. Eles podem se sentir em casa nas nossas histórias. Cada um deles tem a potencialidade de viver um felizes para sempre" comemora o autor Pedro Rhuas. O sucesso dos romances LGBTQIAP+ fazem sucesso entre o público juvenil. O espaço separado para a palestra dentro do centro de convenções ficou lotado de adolescentes que assistiam atentos e aguardavam pela sessão de autógrafos.
Histórico, poeta e mágico nas palavras, Gilberto Gil discorre, na companhia do letrista Carlos Renó, sua jornada com as letras que marcaram a história da música popular brasileira. As motivações pessoais, políticas, e amorosas que resultam na grande obra do artista. Falando sobre a velhice, Gil reflete sobre a finitude em seus 82 anos de vida, mas resiste: "escrever é um fluxo natural da vida. só acaba quando eu acabar" brinca. Gil também celebra a importância de eventos como a Bienal do Livro em Salvador, cidade potente em cultura.
Questionado sobre a perda de Gal Costa, completa: "Deixa saudade, mas Gal não deixa vazio. Ela preenche. A ausência deixa saudade mas, mais do que isso, ela deixa uma obra extraordinária".
*Sob supervisão da editora Kenna Martins