Na tarde desta quinta-feira (24), a Biblioteca Central dos Barris, em Salvador, recebeu a palestra “Lei da Anistia, 45 anos: Memória e Luta dos Trabalhadores”, promovida pelo Centro de Memória da Bahia, vinculado à Fundação Pedro Calmon (Secult-BA).
O evento teve como foco a resistência dos trabalhadores da Petrobras durante o regime militar, destacando a importância da luta pela democracia e os direitos à memória e à justiça.
O debate contou com a participação de Raimundo Lopes, presidente da Associação Brasileira de Anistiados da Petrobras (ABRASPET), e do historiador Alex de Souza Ivo, que contribuíram com reflexões sobre a trajetória dos trabalhadores que, mesmo sob repressão, mantiveram viva a luta pela democracia.
Raimundo Lopes compartilhou histórias do que viveu durante os anos de chumbo. “O tema aqui foi realmente levar ao conhecimento dos jovens o que de fato aconteceu durante a ditadura, o que nós sofremos, o que os trabalhadores sofreram nesse período. A luta está no sangue, né? Eu acho que, apesar de ter 86 anos, ainda não parei, continuo firme. Como diz o poeta: 'Ele leva o anel de samba para aqueles que querem sambar'. Eu trago meu anel de luta para aqueles que querem lutar. Então, vamos lutar por uma democracia mais forte”, disse.
Mais que a palestra, o público presente teve a oportunidade de visitar a exposição “Para que não se esqueça... Para que nunca mais aconteça”, inaugurada durante o evento. A mostra, que ficará em cartaz até o dia 1º de novembro, busca preservar e divulgar memórias sobre os abusos cometidos durante o regime militar.
Walter Silva, diretor do Centro de Memória da Bahia, defende a importância da exposição e da celebração dos 45 anos da lei da anistia. “A frase que dá nome à exposição é um lema dos movimentos sociais que lutam pela preservação de uma narrativa que represente o quão destrutiva foi a ditadura civil-militar para a população brasileira”, disse.
O que é a lei
A Lei da Anistia no Brasil (Lei nº 6.683) foi sancionada em 28 de agosto de 1979 e visava conceder anistia a pessoas que haviam cometido "crimes políticos" durante a ditadura militar, como opositores, exilados, e agentes do Estado responsáveis por violações dos direitos humanos, como torturas e assassinatos. Raimundo Lopes foi um preso político, e, por isso, acredita que contar a história da ditadura é fundamental para que essa história não se repita. “A luta está no sangue. Como diz o poeta: 'Eu levo o anel de samba para aqueles que querem sambar'. Já eu trago meu anel de luta para aqueles que querem lutar. Vamos lutar por uma democracia forte”.