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Deixa no grau - 29/03/2023, 11:55 - Olga Leiria

Barbeiro deixa políticos da Bahia com cabelo ‘na régua’

Com muita história para contar, Zé Domingos cuida do visual de muita gente importante

Em uma manhã de quarta-feira chuvosa, o governador do estado da Bahia sai de casa. Seu primeiro compromisso não é político, como os demais agendados ao longo do dia. Quem o aguarda é José Domingos Diogo Santos, o Zé, 58 anos, barbeiro. A segurança do gestorr chega primeiro e se posiciona na rua quase deserta. Pessoas indo trabalhar, alguns a caminho da academia, crianças deslocando-se para a escola. Com mais de 40 anos de profissão, Zé sai cedinho do bairro do Uruguai, onde mora, para o seu local de trabalho, em Nazaré. E, nesta manhã específica, o batente começa cedo, antes das 7h, para atender o primeiro cliente, Jerônimo Rodrigues, Jero, o governador da Bahia.

Natural de Teofilândia, Zé chegou à capital baiana aos 11 anos de idade para morar com a irmã mais velha. O ofício ele aprendeu ainda criança, com o pai, Valdomiro Barbosa dos Santos, um barbeiro de mão cheia, que o ensinou como trabalhar com tesouras e navalhas. "Ele era minha cobaia, fazia buraquinhos na cabeça do meu pai e ele usava chapéu para disfarçar", lembra José, que também trabalhou como lavador de carros e ajudante de pedreiro.

Aos 17 anos, José Domingos resolveu seguir os passos do pai. Foi então que começou a se especializar e iniciou uma história de sucesso profissional. "Meu pai ficou orgulhoso quando lhe disse que também seria barbeiro", relembra. E, após 20 anos atuando em uma barbearia com um colega de Sergipe, viu que era hora de recomeçar novamente, dar mais um passo importante e abrir seu próprio estabelecimento em uma sala estreita em um imóvel na rua Paraíso, no centro de Salvador. Logo após o início das atividades da Barbearia Paraíso, a parte superior do edifício foi ocupada pelo comitê de Geracina Aguiar, fundadora do PT e ex-vereadora em Salvador. "Era muita gente passando na rua e indo no comitê. Eu atendia mais de 45 pessoas por dia", recorda José.

Abraçado pela cidade e pelos soteropolitanos, José se orgulha de sua profissão, que lhe possibilitou criar quatro filhos com o dinheiro da barbearia. O caçula, de 22 anos, também tem jeito com as tesouras e já trabalhou com o pai na barbearia das celebridades. Mas o seu público vai além dos políticos. "Minha barbearia é popular, atendo rico e pobre, atendo criança de sete anos de idade até seu João com 104 anos. Minha profissão é como se fosse um médico, não posso negar atendimento. Vou no hospital, em casa e se precisar não cobro, caso o camarada precise estar com o cabelo bacana para uma entrevista de emprego", comenta.

Zé Pé Quente

Mas a política anda lado a lado com as tesouras de Domingos, que confessa que perdeu alguns clientes bolsonaristas por causa de seus três clientes "especiais do PT", o senador Jaques Wagner, cliente desde 1986, o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, há 10 anos, e o governador Jerônimo, que começou frequentar a Barbearia Paraíso no ano passado. E o agendamento do corte é feito pelas próprias autoridades, confessa Zé.

A Barbearia Paraíso é simples, nada dessas modernidades das barbearias de hoje. Em suas paredes, fotos de Salvador, fotos de Domingos cortando o cabelo do governador Jerônimo e dos últimos chefes do estado, Jaques Wagner e Rui Costa, duas pinturas que remetem a lembrança de algum lugar do interior, com coqueiros e um rio, um relógio de parede em forma de gilete. Com azulejos brancos, está sempre com o piso bem varrido. No sofá simples, alguns clientes chegam somente para jogar conversa fora e vão embora. Como um barbeiro tradicional, usa creme Bozzano, Leite de Rosas e talco.

Domingos revela que alguns clientes o chamam de Zé Pé Quente, porque depois que começaram a frequentar a Barbearia Paraíso, a vida seguiu positivamente para frente. Será esse o segredo de Jaques, Rui e Jerônimo? Na dúvida, passemos nós também lá pela cadeira do José, na Barbearia Paraíso na rua do Paraíso, no bairro de Nazaré. Que venha a sorte para todos!

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