
Quem passou pela sede da Associação Educativa e Cultural Didá, no Pelourinho, pôde ouvir o tradicional som da percussão, desta vez, vindo das mãos de dezenas de mulheres inscritas nas oficinas oferecidas pela instituição durante o Julho das Pretas. A programação, totalmente gratuita, celebrou o empoderamento feminino negro por meio da arte e da ancestralidade.
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As atividades reuniram oficinas de corte e costura com Allyssa Anjos, tranças e turbantes com a renomada Negra Jhô, percussão com a maestrina Adriana Portela e Ivone Cruz, além de dança afro com a professora e rainha do Ilê Aiyê, Vânia Oliveira. Todas as ações foram pensadas para fortalecer a autoestima e a autonomia das mulheres, em especial as negras, por meio da valorização de seus saberes e expressões culturais.
A programação também incluiu a exibição do documentário 'Toque Feminino', de Gabi Ferruz, seguido por uma roda de conversa com artistas e percussionistas mulheres. O momento foi marcado por reflexões sobre o protagonismo feminino na música percussiva e os desafios enfrentados por quem ocupa esse espaço.

“Oferecer essas oficinas gratuitas com certificado é nossa meta anual, mas neste Julho das Pretas tivemos um olhar ainda mais atento. O 25 de julho é um marco de representatividade, quando somos vistas, reconhecidas. Queremos que essas mulheres se percebam capazes, acolhidas e pertencentes à sociedade”, afirmou Adriana Portela, diretora cultural da Didá.
Voltadas para todas as mulheres, mas especialmente para mulheres negras de comunidades periféricas, as oficinas foram abertas a todas que desejassem participar. Além do aprendizado, as inscritas receberam lanche, certificado e, sobretudo, um espaço seguro de convivência, acolhimento e liberdade de expressão.
Os relatos das participantes reforçam a potência da iniciativa. Fabiana Almeida, 37 anos, mãe solo e profissional da higienização, buscou na oficina de percussão uma nova perspectiva de vida. “Aqui é onde me identifico, é uma terapia. Eu posso estar chateada, mas quando piso meus pés na Didá, esqueço todos os problemas. Estou descobrindo um lado meu que eu nem sabia que existia, porque nunca tive oportunidade”, contou, emocionada.

Aos 78 anos, Dona Iraci Ferreira surpreendeu ao participar da mesma oficina. “Nunca fiz nada voltado para isso. Se eu sair bem, quero tocar no Carnaval!”, disse, entre risos.
A ação fez parte das celebrações do 25 de Julho — Dia Municipal da Mulher Negra (Lei n° 7440/2008), Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra (Lei nº 12.987/2014) e Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha. A data representa a luta histórica e a força das mulheres negras na sociedade brasileira e no mundo.

Outras oficinas promovidas pela banda Didá ao longo do ano podem ser acompanhadas pelo perfil da instituição no Instagram: @didabandafeminina.
Já a programação completa do Circuito Mulheres Negras em Movimento, realizado pela Prefeitura de Salvador, está disponível em: www.salvadordabahia.com/circuito-mulheres-negras-em-movimento.