O sorriso mais doce que o favo de jati e o abraço mais quente que o azeite de dendê usado para preparar suas delícias são as lembranças que eternizarão Iracema nas lembranças daqueles que lotaram a sala de velório número 3 do Bosque da Paz na tarde desta terça-feira (21) para o adeus à baiana de acarajé.
Por lá, privilegiados que se referiam à quituteira não apenas como “baiana”, mas como amiga, tia, avó e mãe. É o caso de Adauto Aragão dos Santos, que ressaltou a alegria da mãe.
“Conversava com todo mundo, brincava, xingava todo mundo, todo mundo dava risada”, disse o rapaz.
Iracema faleceu nesta quinta-feira (20) no Barradão, local onde vendia acarajé há décadas.
“Não era para ela ir trabalhar. Ela que gosta de trabalhar, é da correria. Ninguém fazia ela voltar atrás. Ela, na insistência, foi. Eu até queria ir no lugar dela. Falei com ela: ‘Quer que eu vá no lugar da senhora? A senhora não está muito legal, eu vou com as meninas e a senhora fica em casa’. Ela disse: ‘Não, não, eu vou para o Barradão’”, contou Adauto.
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Perturbada, no bom sentido
Unanimidade por lá, além do afeto pela matriarca, o gosto pelo humor de Iracema.
"Ela era brincalhona mesmo. Perturbada, como eu sempre dizia. Perturbada, que adorava perturbar os outros. Sempre me chamava de peste porque era tentado”, lembra o neto Matheus. “E olhe que eu sou o neto mais tranquilo dela”, ressalta.
Já a amiga e colega de profissão Maristela Miranda fez questão de exaltar os dotes culinários de Iracema. “O acarajé dela era muito diferenciado”, pontuou.