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Guerra no mar - 04/01/2025, 06:45 - Vitória Sacramento

Bahia inicia operação para erradicar coral invasor na Baía de Todos-os-Santos

Ação ocorrerá entre janeiro e fevereiro de 2025, na região da Ilha de Itaparica

O coral, conhecido como octocoral, é um organismo de corpo mole e coloração rosada
O coral, conhecido como octocoral, é um organismo de corpo mole e coloração rosada |  Foto: Divulgação/Ascom Sema

A Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) e o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) estão liderando uma operação para erradicar o Chromonephthea braziliensis, um coral invasor originário do Indo-Pacífico que ameaça a biodiversidade da Baía de Todos-os-Santos (BTS). A ação ocorrerá entre janeiro e fevereiro de 2025, na região da Ilha de Itaparica, em parceria com pesquisadores e a organização socioambiental Pró-Mar.

O coral, conhecido como octocoral, é um organismo de corpo mole e coloração rosada, capaz de atingir mais de um metro de altura. Classificado como espécie invasora, ele apresenta características como rápido crescimento, ausência de predadores locais e impacto negativo sobre espécies nativas, competindo por espaço e reduzindo a disponibilidade de alimentos para peixes que habitam os recifes.

De acordo com pesquisadores, a presença do octocoral foi identificada por meio de incrustações em plataformas de petróleo no litoral do Rio de Janeiro, que podem ter sido transportadas para a BTS. “Ele não é palatável para os predadores locais, cresce rapidamente e vence na competição por espaço, ameaçando diretamente os corais nativos”, explicou Alice Reis, oceanógrafa da Sema.

A especialista também destacou os riscos para o equilíbrio do ecossistema local: “A presença dessa espécie altera profundamente a dinâmica dos recifes, que funcionam como berçários para diversas espécies marinhas. Se não agirmos de forma eficaz, os impactos podem ser irreversíveis, afetando não só a biodiversidade, mas também as comunidades que dependem desses recursos para subsistência.”

O impacto da espécie não se limita à biodiversidade dos recifes. A degradação afeta recursos pesqueiros, compromete a proteção costeira e prejudica o turismo ecológico, atividades econômicas essenciais para a região.

Desde dezembro de 2024, especialistas de instituições como a Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e Centro Universitário Senai/Cimatec têm conduzido experimentos para testar métodos de remoção do coral invasor. A operação segue critérios rigorosos, com autorizações do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), da Sema e do Inema, por se tratar de uma Área de Preservação Permanente (APP) dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) da BTS.

As visitas de monitoramento estão programadas para os dias 8, 15, 22 e 29 de janeiro, além de 4 de fevereiro. Ao fim do experimento, será utilizada a melhor técnica possível para a remoção de todos os indivíduos. Ou seja, será realizada a erradicação do coral, e a região será monitorada para evitar o retorno da espécie.

A oceanógrafa Alice Reis destacou a importância da conscientização popular na preservação dos recifes naturais: evitar pisar nos recifes, não lançar âncoras sobre as áreas de coral e não remover corais da natureza ou comercializá-los.

“Recifes bem conservados são menos vulneráveis à competição com espécies invasoras”, enfatizou. Ela ainda reforçou: “A população é peça-chave na conservação. Ao adotar práticas responsáveis, conseguimos criar um ambiente mais equilibrado, menos propenso à entrada de espécies como o octocoral.”

A maior baía do Brasil é um ecossistema de grande importância ambiental e econômica. Seus recifes de coral desempenham papéis fundamentais, como proteção da costa, regulação do clima e abrigo para uma biodiversidade rica, além de atrair turistas do mundo inteiro.

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