Discussões acaloradas, gestos obscenos e o uso excessivo de buzinas são exemplos de comportamento agressivo no trânsito que tornam a Bahia um dos estados mais rudes tanto para pedestres quanto para motoristas. O Estado é o terceiro com maior incidência de comportamento agressivo, conforme estudo realizado pela plataforma online de aprendizagem de idiomas Preply, que investigou a comunicação dos brasileiros no trânsito, durante o mês de maio.
Para testar os dados da pesquisa, a reportagem de A TARDE entrevistou 10 pessoas em Salvador. Um total de oito dos entrevistados considera o trânsito da Bahia agressivo. O auxiliar administrativo, Fernando Martins Rosa, conta que a grosseria de pedestres e motoristas é comum, mas existem variáveis.
“Depende muito do dia e horário. Durante os engarrafamentos e regiões com obras alterando o trânsito a gente vê muita agressividade. Bate boca, palavrão, discussão, muita coisa. As pessoas não têm paciência, saem de casa atrasadas e querem compensar dirigindo. No fim de semana com as pistas mais livres é mais tranquilo”, afirma.
O sentimento de anonimato e a proteção de estar no carro são alguns dos motivos que explicam o volume de agressões, de acordo com Augusto Seróes, presidente da Associação Bahiana de Clínicas de Trânsito (ABCTRAN).
A pessoa quando está conduzindo um veículo está no anonimato e com uma espécie de armadura que é carro, por isso se sente no direito de fazer o que bem entende, porque ele ali não é conhecido. A pessoa faz coisas que não faria na frente da família ou entre conhecidos”, comenta.
Insultos mais comuns
De acordo com a pesquisa da plataforma Preplay, sete em cada dez entrevistados já testemunharam agressões verbais entre motoristas ou pedestres. Já foram vítimas de pelo menos uma agressão 40% da população. Para o baiano Fernando, que se considera um motorista tranquilo, o receio é que uma dessas discussões escale para algo mais.
“Com essa violência que está cada vez maior a gente fica com medo, né? Uma discussão rapidamente pode virar uma agressão física ou até mesmo um homicídio”. Ainda conforme os números do estudo, 71,6% já presenciaram uma agressão física no trânsito e 8,4% foram vítimas de agressão física.
Os tipos de insultos mais comuns são: palavrões e xingamentos 72%; gestos obscenos 47,2%; comentários depreciativos sobre habilidades de direção 46,2%; ofensas a condições/características físicas 19%; comentários sobre o veículo 6,6%.
Para reduzir a quantidade de agressões, o presidente da ABCTRAN indica que a fiscalização do trânsito trate da educação dos motoristas. “Os órgãos de fiscalização precisam ter um braço dedicado à educação. Para educar o motorista, mostrar a questão do respeito às normas, do respeito ao outro”, sugere Augusto Seróes.