O uso de celulares em ambiente escolar está no centro de um debate nacional. Nesta quarta-feira (18), o Senado votará o projeto de lei que limita o uso de dispositivos eletrônicos nas escolas.
O texto proíbe o uso de aparelhos durante as aulas e no recreio, exceto em atividades pedagógicas autorizadas pelos professores ou em casos que garantam acessibilidade a alunos com deficiência.
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Entre os professores, há um consenso sobre a necessidade de moderação no uso da tecnologia. A professora articuladora Elitania Serpa, do Núcleo Territorial de Educação (NTE) 11, em Barreiras, destacou a importância de revisar a utilização dos aparelhos.
“O celular trouxe muita acessibilidade ao conteúdo, facilitou o nosso trabalho, mas o uso contínuo está prejudicando e precisa ser revisto”, afirmou. Para ela, o desafio está em equilibrar o uso, garantindo que o aparelho seja uma ferramenta pedagógica. “O livro físico não me dá a rapidez da pesquisa. Vai ser um desafio entender a qualidade do uso, mas isso vamos aprender juntos”.
Elitania também enfatizou que o celular, quando usado de forma pedagógica, foi essencial para a iniciação científica dos estudantes. “Estamos aqui em um encontro de jovens pesquisadores, e o uso do celular e da internet fez parte do processo de pesquisa e aprendizagem. Então é importante, mas perpassa pela organização do professor e moderação do aluno”.
Os estudantes, por sua vez, apresentaram opiniões diversas. Ryan Symon, do Colégio Estadual Duque de Caxias, reconheceu os prós e contras do uso do smartphone na sala de aula. “O benefício é usar o smartphone para estudar, fazer pesquisas, como aqui no encontro. Mas não deixa de tirar o foco da aula, de usar para coisas que não são do contexto. Acho que vai ser um desafio mudar isso”.
Já Jhonata Santos ressaltou a importância do aparelho em situações de emergência. “O celular atrapalha um pouco na aula, sim, mas também não tem como ficar sem. Se uma mãe, um parente, precisar falar com o aluno, é importante ter o celular na mão”, apontou o estudante.
Uso mediado é necessário e urgente
A secretária da Educação da Bahia, Rowenna Brito, também destacou os desafios e benefícios do uso da tecnologia. Em entrevista ao Portal MASSA!, ela defendeu o uso mediado e pedagógico dos aparelhos.
“Aqui na Bahia, temos uma orientação de disponibilizar tecnologia para os estudantes. Sabemos que as desigualdades sociais afastam do acesso à informação, que é poder”, ressaltou Rowenna.
Segundo a secretária, o celular pode ser uma ferramenta de transformação quando bem utilizado. “O professor deve mediar esse uso, mas se deixar livremente, transforma-se em algo negativo, com os meninos se distraindo e perdendo o foco na sala de aula”.
O projeto de lei, que já foi aprovado em caráter terminativo pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, tem gerado discussões sobre como equilibrar o uso da tecnologia para que ela seja aliada da educação, sem prejudicar a concentração e a convivência escolar.