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Preocupante - 06/08/2025, 07:00 - Amanda Souza

Agressão a enfermeira em hospital de Salvador expõe rotina violenta

Casos de violência contra profissionais da saúde têm crescido; conselhos cobram medidas de segurança

Recorrência de casos preocupa conselhos de Medicina e Enfermagem da Bahia
Recorrência de casos preocupa conselhos de Medicina e Enfermagem da Bahia |  Foto: Reprodução / Freepik

A cena que marcou o início de julho no Hospital Português, em Salvador, não é um caso isolado. Uma enfermeira de 36 anos foi agredida com socos e arranhões por uma acompanhante de paciente, uma idosa de 67 anos, enquanto trabalhava em uma unidade semi-intensiva.

A ocorrência foi registrada pela Polícia Civil no dia seguinte, e o episódio acendeu o alerta para um problema que se repete nos corredores dos hospitais baianos: a violência contra quem cuida.

Segundo o Conselho Regional de Enfermagem da Bahia (Coren-BA), os relatos de agressão a profissionais da área têm se tornado cada vez mais frequentes em diferentes contextos: hospitais, unidades básicas de saúde e também no atendimento domiciliar. "A maioria das queixas chega por desabafos nas redes sociais ou durante visitas técnicas, mas ainda não há um levantamento estatístico consolidado", informou o órgão.

Já o Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb) registrou um crescimento claro nos últimos anos. Em 2022, foram apenas duas denúncias de agressões a médicos. Em 2023, o número saltou para 17, mesma quantidade registrada em 2024. Em 2025, até o momento, já foram contabilizadas cinco denúncias.

O cenário se repete em todo o país. Dados do Conselho Federal de Medicina (CFM) mostram que, só em 2024 foram registrados 4.562 boletins de ocorrência por agressões a médicos, o maior número da série histórica. Isso significa que 12 profissionais são agredidos por dia no Brasil. Em dez anos, os casos aumentaram 68%.

Ambiente hostil no estado

Entre os motivos apontados pelos conselhos para o agravamento da situação estão a superlotação das unidades de saúde, a falta de profissionais suficientes para atender à demanda, a ausência de segurança nas unidades e o desconhecimento da população sobre os limites da atuação de cada categoria.

"O profissional acaba sendo o alvo da frustração do paciente ou dos familiares, num ambiente que já é marcado por estresse, escassez de recursos e falhas na gestão do cuidado", avalia o Coren-BA.

O Cremeb aponta um problema de segurança mais amplo. "A sociedade inteira está sofrendo essas condições", disse o Conselho, que já chegou a se reunir com a Secretaria de Segurança Pública para tratar do tema.

Apoio e recomendações

Tanto o Coren quanto o Cremeb afirmam prestar apoio institucional aos profissionais agredidos, com acolhimento e orientação jurídica. O Cremeb destaca o trabalho do seu Departamento de Defesa das Prerrogativas do Médico, criado justamente para dar suporte nesses casos. O Coren, por sua vez, diz que "a prioridade é garantir que o profissional não esteja sozinho e que tenha apoio para enfrentar as consequências da violência".

Ambos os conselhos defendem a adoção de medidas concretas para prevenir esse tipo de ocorrência, como a presença de equipes de segurança treinadas, instalação de câmeras e controle de acesso nas unidades, criação de protocolos institucionais e campanhas educativas voltadas ao público.

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