
A segunda-feira foi dia de festa para a comunidade LGBTQIA+, que celebrou o Carnaval no melhor estilo com a 26ª edição do Concurso Nacional de Fantasia Gay. O evento, realizado na Praça Municipal, reuniu talentos de diversos estados e encantou o público com performances deslumbrantes.
O concurso contou com 16 participantes que competiram em duas categorias: Luxo e Originalidade. Além disso, disputaram o título de Rainha LGBT, sendo avaliados por um corpo de 12 jurados especializados, que analisaram critérios como impacto visual, qualidade dos materiais e dificuldade da apresentação.
Com fantasias que ultrapassavam os dois metros de altura e chegavam a pesar mais de 30 quilos, os concorrentes impressionaram tanto os jurados quanto a plateia, demonstrando criatividade, técnica e resistência.
Consagrada Rainha LGBT deste ano, Becca Baroni, nome artístico de Rebeca Cristina, afirmou que participar do evento foi um momento de reafirmação. “Nossa fantasia é o primeiro impacto que o público tem da gente. Então, temos que estar bem vestidas e preparadas para que a conexão aconteça. Mais do que isso, quero que as pessoas entendam que a letra ‘T’ também existe dentro da sigla LGBTQIA+ e que nós, pessoas trans, temos representatividade neste mundo”, afirmou.
O presidente do Grupo Gay da Bahia (GGB), Marcelo Cerqueira, destacou a relevância do concurso. “É uma manifestação de resistência e criatividade. O evento não só celebra nossa arte e cultura, mas também influencia o próprio Carnaval de Salvador. Além disso, ele possibilita a troca de conhecimento entre artistas de diversos estados.”

Entre os estreantes, Gabriela Soares Silva, representante da Dow Química, viveu a experiência como jurada pela primeira vez. “Estou muito ansiosa. Espero ver muita cor, muita alegria e autenticidade. A população LGBTQIA+ enfrenta desafios diários, e eventos como esse mostram que nós existimos, importamos e merecemos ser vistos.”
Além do glamour, o concurso teve um compromisso social, com a distribuição de preservativos e materiais informativos sobre infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), promovendo conscientização entre os foliões.
Durante sua apresentação, Becca Baroni brilhou com uma troca de figurino impactante. Em um momento inusitado, uma foliã invadiu o palco e fez uma apresentação improvisada, mas nada tirou o brilho da competidora, que seguiu dançando com entusiasmo.
Outro destaque do evento foi Milena Passos, mulher trans que participou da organização e fez um discurso marcante sobre intolerância religiosa e LGBTQIA+fobia. Em sua fala, convocou os homens a combaterem o assédio sexual e se tornarem agentes de mudança, além de reforçar a luta contra a violência de gênero.
Com o apoio da Prefeitura de Salvador, por meio da Saltur, e realizado pelo Quimbanda Dudu e pelo GGB, o concurso não apenas celebra a diversidade, mas também impulsiona a economia criativa. Costureiros, maquiadores, designers e artistas ganham visibilidade e novas oportunidades, fortalecendo a cena cultural e artística do Carnaval de Salvador.