
Em Salvador, o Carnaval no Campo Grande é historicamente ligado ao samba. Na semana anterior ao início oficial da festa, ocorre a tradicional “Quinta do Samba”, dia dedicado aos blocos e artistas desse gênero. Um desses blocos é o Alerta Geral, um dos principais expoentes desse ritmo na folia soteropolitana. Entretanto, existem muitas outras atrações de samba na cidade. O bloco Fogueirão Samba de Roda é um exemplo disso.
Marcando presença como bloco desde 2008, o Fogueirão Samba de Roda promete abrir as portas para o Carnaval de 2025. Durante a quinta do samba, que ocorre no próximo dia 27, o bloco vai desfilar no Circuito Osmar (Campo Grande), a partir das 21h. Além do anfitrião Jorge Fogueirão, o desfile também vai contar com a participação de Paparicco, Renato da Rocinha, Dinho Comunidade e Alan Dudu.
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Criador do Fogueirão Samba de Roda, Jorge Fogueirão ressaltou a importância do bairro na história do samba em Salvador. “Não poderíamos deixar de estar nessa passarela do Campo Grande, que tem muita relação com o bairro do Garcia, onde nasce o samba. O berço do samba de Salvador é o Garcia, o Tororó, o Engenho Velho de Brotas”, disse em entrevista ao MASSA!.
Jorge exaltou o papel que o Alerta Geral teve para o desenvolvimento do samba na capital baiana. Para ele, o bloco serviu de inspiração para outros do mesmo estilo, incluindo o Fogueirão. “O Alerta Geral é o primeiro bloco de samba a desfilar nesse formato na avenida, com um trio elétrico, e começou a trazer grandes atrações artísticas nacionais, como Xande de Pilares. A partir daí foram surgindo outros blocos no mesmo segmento”, explicou.

Este ano, o bloco vai homenagear os bairros do Engenho Velho de Brotas e Engenho Velho da Federação com o tema “Toques e Cantos dos Engenhos ecoam no mundo”. Os bairros tem uma grande relação com a música brasileira, sendo os berços de artistas como Márcia Shorts, Ninha e Márcio Vitor. “A força da cultura e da musicalidade desses dois bairros é algo muito admirável. Eu sou fã demais do crescimento musical desses dois bairros”, pontuou Jorge.
Embora seja muito associado ao Rio de Janeiro, o samba também é fortíssimo em Salvador. O cantor ressalta que, mesmo antes da quinta do samba, o gênero já marcava presença na capital baiana. “O samba nunca esteve ausente. Um exemplo é a Mudança do Garcia, que tem uns 70 anos e sempre subimos fazendo samba. A quinta-feira só veio para consolidar o espaço e confirmar que o samba é muito forte na Bahia”.
Em 2025, o Fogueirão Samba de Roda estará com algumas novidades. O trio elétrico do bloco vai estar equipado com painéis que serão transmitidas imagens de momentos importantes para o samba. Além disso, o bloco também vai contar com uma canção tema durante a apresentação. “Normalmente, os blocos de samba criam um tema, mas não fazem uma canção temática para executar na avenida. E eu tô vindo com esse novo desafio”, revelou Jorge.
Samba junino e a religiosidade
Inspirado pelo surgimento do samba junino nos anos 1970, Jorge criou a banda Samba Fogueirão, que posteriormente se tornaria o bloco carnavalesco. Inicialmente, o grupo focava em participar apenas dos festejos juninos. Essa relação entre o samba e o São João tem origens relacionadas à religião. “Não é que as pessoas de Salvador não curtam forró, mas nas comunidades de periferia, o povo do axé, de terreiro de candomblé, em sua maioria não curtem o forró”, explicou o cantor.
Jorge relata que o candomblé sempre esteve ligado com esse ritmo musical. Como uma alternativa de curtir o período do Sanju, os seguidores da religião aproveitam a festa ao som de muito samba. “Não são todos os grupos de samba junino que surgem em terreiros de candomblé, mas a sua maioria são formados por filhos de santo e ogãs de terreiros de candomblé”, pontuou.
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Dessa forma, além de uma manifestação artística, o samba junino surge como uma forma de expressão religiosa. O músico pontuou a importância que isso tem para comunidades como a do Engenho Velho de Brotas, um dos bairros em que esse subgênero do samba surgiu. “É muito importante para essa comunidade porque tem uma representação muito grande para esse povo. Eles entendem que foi por meio do samba junino que o bairro se tornou tão conhecido no cenário nacional”, declarou.
Serviço
O que: Bloco Fogueirão Samba de Roda
Quando: Quinta-feira (27), a partir das 21h
Onde: Circuito Osmar (Campo Grande).
Atrações: Jorge Fogueirão, Paparicco, Renato da Rocinha, Dinho Comunidade e Alan Dudu.