
Se você já curtiu o Carnaval em Salvador, com certeza já ouviu a frase "ó o gelo" ser entoada em meio a multidão. Apesar de não serem muito reconhecidos, os vendedores de gelo são responsáveis por abastecer os isopores dos ambulantes nos circuitos da folia, garantindo que as bebidas fiquem no ponto que o folião gosta. Eles chegam a carregar até 50 kg nas costas e recebem de R$ 60 a R$ 120 por dia.
Trabalhando nessa função por quase dois Carnavais, Bruno Chagas viu no seu trabalho informal uma possibilidade de empreender e montou a sua própria guia. Neste ano, o morador da Cidade Baixa conseguiu contratar seis funcionários para ajudá-lo.
"A demanda de gelo é muito grande. Hoje, todo o comércio de rua, todas as festas de rua, faz-se necessidade do gelo para gelar a mercadoria, porque assim, não tem tempo hábil de gelar a mercadoria, nem freezers", explicou ele ao Portal MASSA!.
Cobrando R$ 40 a vista e R$ 45 no cartão, Bruno explica o seu diferencial e aposta em um grande lucro: "A expectativa é de boas vendas, né? A galera necessita realmente do gelo. O gelo que trabalhamos hoje é um gelo 100% sem água. É um gelo solidificado. Então o público prefere mais esse gelo".

O gelo que vira dinheiro e terapia
Antônio Carlos tem 47 anos e trabalha em um lava-jato da Ribeira. No Carnaval, ele aproveita o "movimento fraco" no estabelecimento para fazer a moeda na folia. O coroa acorda cedinho e acompanha Bruno na carga do caminhão, que busca o gelo em Mapele, na Região Metropolitana de Salvador.
Esposo e pai de família, ele pensa nas pessoas que ama enquanto trabalha e sente que isso faz o esforço valer a pena. "Ajudo mulher, filho, fiha, todo mundo", contou.
Seu Antônio afirmou ao Portal MASSA! que já nem sente mais o impacto da rotina cansativa, especialmente por trabalhar desde cedo por falta de condições financeiras: "Eu trabalho desde os oito anos de idade, aí eu não sinto nada, entendeu? Isso aí para mim é uma terapia".