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Cultura e fé - 10/02/2024, 23:23 - Amanda Souza

Celebração do Ilê Aiyê também é um combate à intolerância, diz padre

Religioso esteve na saída do bloco, no Curuzu

Padre Lázaro e a secretária  Ângela Guimarães
Padre Lázaro e a secretária Ângela Guimarães |  Foto: Amanda Souza / Portal MASSA!

Fazer tantas pessoas se reunirem na frente de um terreiro de candomblé para cantar músicas que exaltam o povo preto e saírem juntas atrás de um trio, tudo isso contra a gravidade, numa das ladeiras mais famosas de Salvador: só o Ilê Aiyê é capaz.

É bem verdade que algumas pessoas talvez nem façam uma ideia da ligação do carnaval do Ilê Aiyê com a ancestralidade do terreiro Ilê Axé Jitolu, mas a existência, resistência e influência dessa entidade é uma garantia de que a Bahia jamais cederá à intolerância religiosa.

O que não nos deixa negar é que quem esteve nessa festa, dentro do terreiro e assistindo ao ritual religioso antes do desfile do Ilê Aiyê no Curuzu foi o padre Lázaro Muniz, já conhecido por trazer elementos das religiões de matriz africanas para suas missas.

“Antes de tudo estamos aqui para celebrar, para agradecer a Deus pela existência do Ilê, por esse seu trabalho de resistência de África diaspórica, com esse trabalho de construção de uma sociedade melhor, mais justa, pela libertação de todos os negros e negras, e de poder juntos continuar lutando contra toda a intolerância religiosa”, disse o padre. “É preciso que haja respeito entre as religiões, e estar aqui, ser acolhido aqui nesse terreiro, entrar nessa Senzala do Barro Preto, viver essas experiências tão profundas, isso é inimaginável, isso é maravilhoso, é grandioso demais, então eu louvo a Deus por isso e peço que abençoe o Ilê por muito mais anos”, completou.

Ângela Guimarães, titular da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, esteve presente no terreiro Ilê Axé Jitolu para participar desse momento e celebrou também a existência do Ilê como uma entidade que fortalece a luta do combate à intolerância e ao racismo.

“O papel do Ilê é um papel divisor de águas na sociedade baiano-brasileira, porque o Ilê coloca o dedo nas feridas. Ele trouxe o racismo para o centro da cena, num contexto em que o debate sobre temas sociais contrasistêmicos era impedido pela censura, pela ditadura militar e também pela crença de que o Brasil vivia num paraíso racial, era o mito da democracia racial, e que esse tema era um tema que a gente estaria exportando nos Estados Unidos, trazendo para aqui uma situação de conflito, que aqui não havia o conflito. Então, o Ilê coloca o racismo no centro da cena, questiona uma estrutura discriminatória do carnaval”, disse.

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