
Durante muito tempo, o pagode baiano foi um gênero musical representado somente por homens e as mulheres ficavam em segundo plano, como dançarinas ou backing vocals. Mas há alguns anos, elas vêm construindo o seu próprio espaço, quebrando paradigmas, assumindo o ‘front’ de bandas e o protagonismo no segmento, à exemplo das cantoras Rai Ferreira, Nêssa e A Dama.
Conheça mais sobre elas

Rai Ferreira, de 31 anos, é a primeira cantora do pagode baiano. Ela é conhecida por empoderar as mulheres em suas músicas e descontruir crenças de que elas não podem falar sobre determinados temas nas músicas, como por exemplo o sexo.
A Nêssa, de 29 anos, vem se destacando no cenário musical do pop baiano com a mistura do swing do pagode com o trap, além de outros elementos como funk e batidas 8-bit, que transformam a sua arte em uma obra única e incomparável.
Já A Dama, de 26 anos, é vista como símbolo da ascensão feminina no pagodão baiano, após emplacar diversos hits nos paredões, além de ser considerada uma representante no pagode das comunidades negra e LGBQIAPN+.
E o que Rai Ferreira, Nêssa e A Dama tem em comum? Potencial de sobra para dominar o cenário do pagode baiano e alcançar o topo como representantes do segmento dentro e fora da Bahia. No último dia do Carnaval de Salvador, na terça-feira (21), uma multidão de foliões - entre baianos e turistas - contemplou o poder dessas mulheres do pagode baiano em cima do trio de Léo Santana. O gigante as convidou para cantar no projeto “Léo e elas”, no circuito Osmar (Campo Grande), levando a galera à loucura durante as apresentações delas.
Em entrevista exclusiva ao Portal Massa!, as cantoras Rai Ferreira, Nêssa e A Dama abriram o coração e falaram sobre o convite de Léo, o desfile na avenida durante o Carnaval de Salvador e pontuaram a importância da presença feminina no pagode baiano.

“Foi incrível e uma sensação inexplicável desde o momento em que ele chegou com palavras de incentivo e disse que estava feliz por estarmos com ele. Léo disse que o trio era nosso e que queria que mostrássemos o nosso trampo, sabe? Foi uma parada fod@, não só por estarmos na avenida cantando, pois era o momento dele, o show e a banda era dele, mas por ele ter parado na frente da imprensa e nos apresentado com muito carinho e delicadeza. As palavras de Léo foram importantes para que as pessoas entendessem que nós estamos aí. Esse momento não foi só nosso, não foi só de Rai, Nêssa e da Dama, foi de todas as outras meninas que estão aí cantando”, declarou Rai Ferreira, que em seguida destacou a existência do projeto ‘Pagode por Elas’, que mapeia as novas cantoras, apoiando e dando visibilidade para elas.

“Já tive contato com Léo Santana no concurso Skol Pagodão. Nesse Carnaval surgiu esse convite, idealizado pelo Léo e Gil Alves, [e] fiquei extremamente feliz. Léo é uma pessoa tranquila, generosa e gentil, cedendo totalmente o espaço para que a gente mostrasse o nosso trabalho, cantando diversas músicas com ele. Então foi uma experiência surreal [e] não tenho nem o que falar. Fiquei muito feliz! Aquele momento foi muito simbólico, né? Porque a gente sabe que o pagodão é um gênero majoritariamente dominado por homens. As pessoas estão muito acostumadas a verem as mulheres na posição de back dance, e só o fato de estar ali cantando, mostrando nossa verdade, é um ato de resistência. É a gente falando sobre as nossas liberdades de corpo, a gente falando que a gente bem entende. Então só o fato de estar ali no trio, numa vitrine como aquela, do lado de um artista, com a autoridade com a notoriedade que tem o Léo Santana, é um ato de resistência e sinal do que está por vir, que é a nova era do pagodão”, declarou Nêssa.

“Léo Santana é um querido e sensacional. Ele já abriu portas para mim outras vezes, como na gravação de um DVD em Fortaleza, e mais uma vez ele abriu essa porta no Carnaval de Salvador. Foi gratificante e lindo, não só pra mim, mas para todas as outras mulheres do pagode que vem lutando, que vem tentando quebrar barreiras e que vem tentando ocupar espaço. Ele veio com esse projeto “Léo e elas”, [que] foi sensacional, dando oportunidade para gente, sabe? Fazendo com que a mídia olhasse para gente de uma forma mais bonita, mais leve”, declarou A Dama.
